sexta-feira, 25 de junho de 2010

esperando desesperado a tua ausência.
meu gosto de me fantasiar de tua vida.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

carta desesperada

Anita
a poesia perdeu para a fome.

(meus olhos fixos divididos
entre
o preço do açúcar
e
a manhã convulsiva de teus cachos)

Anita, todos os dias eu acordo entretido.
Todos os dias eu leio a boca dos burgueses da cidade de São Paulo.
Quatroze de junho do ano de dois mil e dez, Anita,
e eu não consigo pensar em nada que não o preço do açúcar.

O preço do açúcar, Anita!
melhor seria o teu gosto creme,
tuas omoplatas em fúria,
tua lingua vermelha destravada!

Pensar ao menos na tua falta.
no teu corpo deitado manso chiando um blues.

mas as bocas me resvalam:
a saudade não se mede em reais, rublos ou dólares:
não é tempo de saudade, mas de pensar no preço do açúcar.

O preço do açúcar, Anita, mas não, nem isto:
qualquer resto que sacie a minha carne.
não engulo ônibus, prédios ou parques vazios.

(Não esquecer: os supermercados são desertos de excesso.)

A capital do país urra:
É terminantemente proibido comer!
Qualquer cidadão apanhado em estado de greve será fuzilado de fome!

Dinheiro.
que indelicadeza tratar de dinheiro numa carta!
mas acontece, Anita,
que sem carne não há saudade e nem vida.
e acontece mais, Anita,

A poesia perdeu para a fome.

ps: (antes do beijo e da despedida, espera, Anita):
intuo que da pedra fiz um verso.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Escala meus músculos a minha fragilidade.
minhas pernas se armam de tontura
e os ônibus me rompem arranha-céus na coluna fixa e suspensa sobre os bancos.

Uma lágrima plasmada ou uma navalha seca,
uma folha em retalhos ou um beijo:
adolescência de versos natimortos.

a pureza das crianças infernais,
o mal-me-quer abrupto e denso das cortinas escancaradas
ou a marcha brilhante da nação:
escarro branco-propaganda.

O amor é sujo.
O amor é a serie infinita de cigarros incendiados a sós num apartamento.
Conhaques revirados nas omoplatas,
O amor é sujo.

Nada de delícias invernais,
Sacrossanto virgem e despautério
O amor é a greve que grita greve.
A ocupação da vaga silenciosa,
o mínimo do mínimo entre uma carne e outra.

Tua boca acuada num canto esperando o abate de minha boca.
Teus dedos evaporando de delírio.
O suspense e o toque que acordará os olhos.
Minha alma subindo, crescendo mastigada até o topo de teus cabelos.
Uma parte de ferro deixando uma parte de vida.

Sim, sim, o amor é sujo.
Um quarto de sarjeta,
O amor é rua.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Canção

Um beijo descompacto,
caucasiano de nervura
mulato de presença.

minha carne tua unha
que de tanto respirar se adensa

Um fluxo plasmado em tua boca
parte feia parte triste
se ruísse Berenice
ai de quem disser
bem-que-te-disse!

domingo, 6 de junho de 2010

pulando minha retina
__________________um cen
_______________________________sor
___celebra






: ciúmes do imaginado.
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