quinta-feira, 10 de junho de 2010

Escala meus músculos a minha fragilidade.
minhas pernas se armam de tontura
e os ônibus me rompem arranha-céus na coluna fixa e suspensa sobre os bancos.

Uma lágrima plasmada ou uma navalha seca,
uma folha em retalhos ou um beijo:
adolescência de versos natimortos.

a pureza das crianças infernais,
o mal-me-quer abrupto e denso das cortinas escancaradas
ou a marcha brilhante da nação:
escarro branco-propaganda.

O amor é sujo.
O amor é a serie infinita de cigarros incendiados a sós num apartamento.
Conhaques revirados nas omoplatas,
O amor é sujo.

Nada de delícias invernais,
Sacrossanto virgem e despautério
O amor é a greve que grita greve.
A ocupação da vaga silenciosa,
o mínimo do mínimo entre uma carne e outra.

Tua boca acuada num canto esperando o abate de minha boca.
Teus dedos evaporando de delírio.
O suspense e o toque que acordará os olhos.
Minha alma subindo, crescendo mastigada até o topo de teus cabelos.
Uma parte de ferro deixando uma parte de vida.

Sim, sim, o amor é sujo.
Um quarto de sarjeta,
O amor é rua.

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