quinta-feira, 29 de outubro de 2009

É preciso ser Cassandra, berrar o berro que te põe do avesso. É preciso que os homens ouçam: o homem, único animal que insiste em fazer do contato um breve suspiro e da vida a celebração do morrido. Mas os homens não ouvem, e silenciam a Tróia que lhes arde nas entranhas, a mesma Tróia que queima o suplício lilás de cem mil séculos vividos.
Quando, afinal, o cavalo que lhe invade as vísceras será expulso galopante, e de urro em urro, exlodirá a carcaça de madeira que toda cidade comporta?
É preciso, absolutamente, ser Cassandra: seduzir Apolo e não cumprí-lo, ainda que o convencimento, dom dos empresários, passe a mendigar nas ruas. Ainda que teu rosto afunde no grito de vespa que lançam os descrentes incendiados que saem da Igreja. Ainda que a corrente dos acadêmicos, manequins embutidos de um gravador, siga a perpetuar os cemitérios que plantam, e te tentem com o riso dos desesperados (que se esconde nos cafés e no outono de cachecóis esvoaçantes).
Importa ser Cassandra desvairada, poeta que anuncia o rompimento com a mandíbula empoeirada das bocas dos velhos e de suas cadeiras. Anúncio do fogo que há de queimar os esqueletos dos homens, se não se atentarem para o que já os devora.

2 comentários:

  1. "... o mesmo suplicio lilás ..." Coisa de gente grande! Bjs.

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  2. meu caro.......................................
    ...........................................................................................................................................................................................................................................

    viste?

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